Às vezes, a gente só valoriza quando perde...
Luiz Eduardo Boudakian
Às vezes, a gente só valoriza quando perde...
Era uma tarde comum, dessas em que a vida parece seguir seu curso normal. Uma menina estava sentada no canto da sala, brincando em silêncio, enquanto escutava a mãe desabafar com palavras duras, nervosa, exausta:
— Eu não aguento mais esse homem! Não aguento mais limpar essa casa sozinha, fazer minha própria comida, trabalhar o dia inteiro e ainda ter que cuidar de tudo! Eu tô cansada dessa vida!
A menina ouviu tudo. Calada, sentiu seu coração apertar. Ela amava o pai e também amava a mãe. E por mais nova que fosse, algo dentro dela sabia que aquelas palavras eram carregadas de dor e ingratidão.
Com olhos cheios de coragem, ela se aproximou da mãe, tocou sua mão e perguntou baixinho:
— Mamãe… a senhora já pensou como seria se perdesse seu emprego? Se não tivesse mais dinheiro para comprar comida? Se o papai morrese de repente… e a gente tivesse que morar na rua, passando frio e fome? A senhora conseguiria suportar isso tudo sozinha?
A mãe ficou em silêncio. Aquilo foi como um espelho, refletindo tudo que ela não queria ver. Chorou.
A verdade é que, às vezes, o peso da rotina nos cega. E só enxergamos a ausência quando já não há mais presença. A casa que irrita hoje pode ser o lar que amanhã você implora para voltar. O companheiro que hoje parece falho pode ser o abraço que você sente falta quando já não está mais aqui. E o trabalho que cansa pode ser o sustento que um dia vai fazer falta.
A menina, com sua pureza, deu uma lição de sabedoria que muitos adultos demoram a aprender: reclamar é fácil… mas agradecer é o segredo para suportar os dias difíceis.
Valorize o que você tem antes que a vida te ensine a valorizar com a dor da perda.
Luiz Eduardo Boudakian
www.aprendendoaviver.com.br
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